Titereiros do caos, da violência e da pobreza

Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 29/09/2024

Colunista convidado.
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Por natureza, não costumo me debruçar sobre os incidentes do dia a dia, mas, graças a Deus, gosto de olhar além deles, procurar as causas e as intenções finais. Sempre me pergunto: isso se resume ao que a maioria das pessoas vê ou acredita, ou existem coisas que são mais densas, mais sombrias e mais profundas?

Usarei o mesmo método para explicar a briga e a separação entre Evo Morales e seu golfinho, Luis Arce Catacora. Para isso é necessário olhar um pouco mais alto, para os seus superiores, já que nem o cocaleiro nem o economista são autônomos, mas sim têm patrões transnacionais. Nesse sentido, vamos trabalhar.

Fidel Castro, Lula Da Silva e Hugo Chávez posicionaram-se como os líderes visíveis do Fórum de São Paulo. Obviamente, Evo Morales, os cônjuges Kirchner e Rafael Correa ocupavam basicamente o cargo de representantes de uma franquia, fantoches sem poder de decisão. Algo que o próprio Morales admitiu na XV Cúpula ALBA-TCP, suas palavras foram:

Em abril de 2006 entrei. Alguns colegas me disseram que é preciso consultar o povo, os movimentos sociais. Aqui não há nada a consultar, é a linha que nos dão Fidel Castro e Hugo Chávez.

Nota à parte: devemos reconhecer que a incontinência verbal de Evo é honesta, pois ele sempre diz que mal vai cometer, por exemplo, anunciando que pretende permanecer no poder por 500 anos. Porém, continuemos com a linha deste artigo.

Agora, o facto de os Castro e Chávez terem pensado que Morales e Correa eram fantoches sem vida própria ou aspirações de poder, não significa que o sejam. A este respeito, Nicolás Márquez, no seu livro: O contador de histórias de Carondelet, descreve muito bem as intenções de Rafael Correa de se tornar o chefe máximo do Socialismo do Século XXI durante a década de 2010.

Assim, com Fidel morto, Raúl velho, Chávez tomando seu lugar no inferno, Lula velho e decrépito, embora não menos perigoso, e Rafael Correa condenado pela justiça equatoriana, eureka, a disputa para ocupar um lugar no topo da estrutura do Foro de São Paulo é reduzido ao tirano de Maduro e ao chefão da coca.

É óbvio que Evo sabe que, para estar na mira de cubanos, russos, chineses e iranianos, precisa ter poder de decisão sobre o território boliviano. Portanto, enquanto o economista ocupa a cadeira presidencial, o cocaleiro vê sua carreira interrompida contra Nicolás Maduro.

Você já está amarrando as pontas soltas?

Eu ajudo você:

Evo pode ser inculto, mas não é nojento. Morales está usando sua habilidade de agrupar bandos não apenas com a intenção de ser qualificado como candidato nas próximas eleições, mas também em suas ambições de subir ao topo do Socialismo do Século XXI para, desta forma, consolidar sua imagem como o novo Che Guevara.

Assim, enquanto na Venezuela a ditadura cubana luta pela sua sobrevivência, na Bolívia a liderança do socialismo do século XXI é disputada, com uma crise económica e um país em chamas no meio. Estamos literalmente nas mãos de marionetistas do caos, da violência e da pobreza.


As opiniões aqui publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores.