Por: Carlos Sánchez Berzaín - 19/05/2024
A realidade objectiva de opróbrio e miséria a que a ditadura cubana conduziu os cubanos prova a inviabilidade económica, social, política e histórica do regime. A ditadura está a morrer, aumentando o sofrimento das pessoas que subjuga e a quem enganou durante 65 anos numa pseudo-revolução que é um sistema de crime organizado, que já não tem opções e cujo colapso é apenas uma questão de tempo. A libertação do povo cubano com a democracia é o único caminho, e as democracias das Américas e do mundo têm um papel que ainda não assumiram.
A ditadura cubana estava a morrer em 1999, no seu chamado “período especial” que começou quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se dissolveu, porque o castrismo era um satélite parasita da URSS no quadro da Guerra Fria. Quando se esperava que a ditadura cubana seguisse o caminho da URSS, Hugo Chávez assumiu a presidência da Venezuela, da qual com petróleo e dinheiro tirou o castrismo da sua prostração e iniciou juntamente com Castro e Lula da Silva (Fórum de São Paulo) a mais importante agressão contra a democracia fundada na quimera de expansão internacionalista de Castro, com a qual o século XXI se tornou palco da transformação do castrismo do século XX em castrochavismo, com uma narrativa política do “socialismo do século XXI”.
A ditadura cubana passou de estar à beira do seu desaparecimento para controlar o movimento antidemocrático economicamente mais poderoso que foi liderado por Hugo Chávez até à sua morte muito oportuna, em que o controlo total passou para Castro. O movimento populista bolivariano inicial construiu o Petrocaribe com o qual controlou os votos de todo o Caribe em troca do petróleo venezuelano e depois controlou a Organização dos Estados Americanos (OEA) com Insulza, enquanto produzia golpes duros e suaves na região com a cumplicidade de a subjugada organização interamericana que ignorou a Carta Democrática Interamericana, coincidindo com a inexplicável retirada dos Estados Unidos da região.
Na Sétima Cúpula das Américas, no Panamá, em 10 e 11 de abril de 2015, Cuba assumiu a liderança da América Latina reconhecida pelos Estados Unidos, cujo presidente se reuniu com o ditador concordando em “trabalhar rapidamente para normalizar as relações e reabrir embaixadas”. aconteceu “em 1º de julho de 2015, quando representantes de ambos os governos trocaram cartas de seus presidentes nas quais afirmam que decidiram restabelecer relações diplomáticas e abrir embaixadas nos respectivos países a partir de 20 de julho de 2015”.
Sem dúvida esse foi o ponto mais importante dos sucessos da ditadura cubana que controlou as ditaduras da Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua e os governos latino-americanos subordinados ao seu poder. Mas as coisas começaram a mudar com o escândalo internacional da "lava jato", as mudanças de governo, a eleição de um novo secretário-geral da OEA, a morte de Fidel Castro e a diminuição do poder económico petrolífero da Venezuela, que foi logo complementado pelo do narco-estados que são as ditaduras do socialismo do século XXI.
A ditadura cubana foi salva em 1999 pela alta traição do país cometida pelo ditador Hugo Chávez, mas foi sustentada no século XXI pela subordinação de governos e líderes democráticos que, com diferentes graus de indiferença, submissão ou conveniência, decidiram coexistir com o crime organizado liderado pelo Castro-Chavismo, à custa da sua própria segurança e da do seu povo. Hoje nada disso vale a pena nem é suficiente, porque o povo cubano luta pela sua liberdade pedindo “pátria e vida”, submetido à fome, à miséria, sem electricidade e sob o terrorismo de Estado, mas lutando contra um sistema que já está derrotado , enquanto os povos das Américas ignoram ou repudiam a ditadura cubana.
A ditadura cubana só é sustentada hoje pelo terror interno que consiste na prática diária, repetitiva e institucionalizada de crimes contra a humanidade e violações dos direitos humanos, e pelo fracasso dos líderes e países democráticos em cumprir as suas obrigações legais internacionais. As ditaduras são uma anomalia nas Américas onde, por mandato da Carta Democrática Interamericana, “a democracia é um direito do povo”, mas são uma aberração num mundo que proclama o “respeito pelos direitos humanos”.
Não haverá outro Chávez ou outra Venezuela para salvar a ditadura cubana. Nem a Rússia, nem a China, nem o Irão estão em condições de apoiar ou manter o parasita chamado ditadura cubana e que contribuiu para a dissolução da URSS e colocou na miséria o país mais rico da América Latina, a Venezuela.
Quanto mais grave é a situação em Cuba, mais perigoso se torna o seu regime, que operou e opera guerrilhas, terrorismo, tráfico de drogas, invasões, assassinatos, golpes de estado, massacres, assassinatos de reputação e todos os tipos de crimes. A rejeição do povo cubano é determinada e activa, mas até agora a atitude internacional é indiferente, perigosa e vergonhosa.
*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia
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