Por: Pedro Corzo - 11/04/2025
Colunista convidado.É preciso repetir até a exaustão: tanto Daniel Ortega quanto sua coditadora Rosario Murillo são autocratas insaciáveis. Sujeitos que não respeitam limites quando é apropriado satisfazer a fome de poder.
É bem sabido que o castro-chavismo é sustentado por baionetas, embora atualmente estejam sentados em AK-47s, fornecidos por Vladimir Putin, o amigo próximo de todos os autocratas.
O coditador Daniel Ortega legitimou uma prática que todos conhecemos, que consiste na subordinação dos poderes do Estado — legislativo, judiciário, eleitoral, de fiscalização e supervisão, regionais e municipais — ao Poder Executivo. Uma aberração consagrada pela apócrifa Assembleia Nacional da Nicarágua, composta por lacaios do casal supremo que, como sempre, votaram unanimemente a favor da proposta.
Com esta disposição ditatorial, os poderes públicos desaparecem. De fato, a democracia deixa de existir e a precária participação cidadã é completamente extinta pela decisão de dois déspotas e pela cumplicidade de seus servidores. Na realidade, tanto Ortega quanto seu co-governante são admiradores fiéis da pior escória do mundo, incluindo Joseph Stalin, Adolf Hitler, Mao Tse Tung e, claro, Fidel Castro, o homem por trás dos cânceres do castro-chavismo, que foi o criador diabólico direto do regime nicaraguense.
A reforma da constituição perpetuamente violada da Nicarágua estabelece o conhecido papel de copresidente, uma condição que já existia no país. Ela também amplia o mandato de cargos que deveriam ser eletivos.
Na minha opinião, o regime nicaraguense, embora procure assemelhar-se o máximo possível à ditadura totalitária instaurada em Cuba pelos irmãos Fidel e Raúl Castro, tentando dar legitimidade a todas as suas ações, não está isento dos hábitos das ditaduras militares, como é o caso da sua vocação para fazer desaparecer os seus inimigos ou exilá-los, embora, com toda a honestidade, as duas grandes semelhanças entre Cuba, Venezuela e Nicarágua sejam a grande capacidade repressiva e a crueldade na prisão dos seus adversários, gerando um ambiente de indefesa cidadã que paralisa as comunidades.
Uma dessas práticas foi denunciada recentemente pela organização de direitos humanos “Nunca Más”, formada por exilados na Costa Rica. Segundo a instituição, a ditadura impôs uma política de desaparecimento forçado de seus opositores, como aconteceu com pelo menos uma dúzia deles que foram presos há vários meses.
Os Castros e Ortegas gostam de legitimidade, fingindo ser democratas que respeitam a vontade popular, daí esta última reforma na constituição, assim como fez o castrismo na maior das Antilhas após o sucesso do Projeto Varela, uma proposta do Movimento Cristão de Libertação liderado pelo mártir Osvaldo Paya Sardiñas, em 2002, quando proclamou que o socialismo em Cuba era irrevogável.
Em benefício do povo de Rubén Darío, organismos internacionais continuam denunciando os crimes do regime de Ortega. Recentemente, perante uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Lesly Guerrero, representante do Centro de Justiça e Direito Internacional, disse que as reformas permitiram que o Poder Executivo, liderado por dois "copresidentes", consolidasse o controle total sobre os poderes Legislativo, Judiciário e Eleitoral. Ela acrescentou: "Essas modificações não apenas eliminam os freios e contrapesos institucionais, mas também estabelecem um sistema de governo em que a repressão e o autoritarismo se apresentam com uma aparência de legalidade."
Além disso, a arrogância dos coditadores não tem limites, fato demonstrado pela saída do país do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, após o pedido do Grupo de Peritos em Direitos Humanos sobre a Nicarágua para processar o país centro-americano perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) por privar os nicaraguenses de sua nacionalidade.
Tudo parece indicar que Nicarágua e Venezuela estão buscando estabelecer regimes semelhantes ao de Cuba. Impondo uma sociedade fechada na qual qualquer vestígio de liberdade e respeito à dignidade humana desaparece.
No entanto, os coditadores não dormem bem. É o mês de abril. Sétimo aniversário dos protestos populares em que os capangas de Ortega mataram quase 400 pessoas, segundo estimativas populares, 325 segundo a OEA (CIDH).
O sangue de todos esses mártires está nas mãos de Ortega e Murillo. E manchas de sangue, como afirma o escritor José Antonio Albertini em um de seus romances.
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