Meus 65 anos de exílio

Guido Añez Moscoso

Por: Guido Añez Moscoso - 05/02/2024

Colunista convidado.
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Quando você tem certeza de que o que lhe resta para viver é menos tempo do que o que você já viveu, você vê o mundo de uma forma diferente.

Tenho mais ontem do que amanhã e me considero um homem rico, para não entrar na lista da FORBES, mas me sinto assim porque tenho uma família excepcional, amorosa, unida e bem sucedida, muito bons amigos, que são como irmãos, conversamos quase diariamente, mesmo que seja para mentir um para o outro mas estamos atentos um ao outro, grandes companheiros de sonhos e pessoas que confiaram em mim.

O exílio te ajuda a ver e saber quem foi amigo do poder e quem é realmente seu amigo e companheiro e nessa área continuo rico.

Sempre escrevo sobre política, sobre a situação da Bolívia, sobre minha cidade onde nasci, aquela Santa Cruz que tanto amo, hoje minha reflexão é pessoal, apesar de ter dois exílios, um por causa da ditadura do narcotráfico de Garcia Mesa em Paraguai onde me formei profissionalmente pela Universidade Católica e onde deixei muitos amigos queridos que ainda tenho e os segundos que continuo a suportar devido à outra ditadura do narcotráfico de Evo Morales e Lucho Arce, no total tenho vivido em exílio há 17 anos e continuo a acreditar no meu país e, sobretudo, na minha região.

Muitos amigos me perguntam: você vai voltar para a Bolívia quando recuperarmos a democracia? A minha resposta é SIM, voltarei e como não existe político reformado continuarei a fazer política, todos temos uma razão para viver, abraço a causa da liberdade, da justiça, da democracia como as causas pelas quais vou

para lutar toda a minha vida, muitos dos meus companheiros deram a vida por essa causa, homens com quem mantive uma amizade e o mesmo ideal.

Sinto que ainda posso contribuir para o desenvolvimento e a reconstrução do meu país; o pós-massismo exigirá a participação de boa fé de todos os bolivianos.

Pensei muito nisso antes de escrever essas pequenas linhas, não faço isso para ser parabenizado e encher meu ego, mas porque me sinto maduro, com vontade de seguir em frente, de compartilhar com as pessoas que amo, me tornei intolerante com farsantes, vaidosos e arrogantes, não compartilho com essas pessoas, valorizo ​​cada vez mais pessoas simples, sinceras, de palavra, que honram seus compromissos, que valorizam a gentileza acima de tudo, é por isso que às vezes a solidão é uma boa companheira, essa solidão acompanhado de seus animais de estimação, de um jogo de futebol, de um bom livro que te acompanhe, de uma viagem por terra sem direção mas com bússola, de um bate-papo descontraído com meus amigos, são essas coisas que gosto e que vou aproveitar pelo resto dos meus dias.

É lindo chegar nessa idade e se sentir pleno, feliz, realizado e com vontade de dar mais.

Obrigado por fazer parte dessa minha jornada pela vida, vamos continuar aproveitando, é lindo se soubermos vivê-la.


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