Por: Carlos Sánchez Berzaín - 23/03/2025
No marco da Carta Democrática Interamericana, a situação da democracia no Brasil é crítica. A atual presidência de Luiz Inácio Lula da Silva é marcada por indícios de violações de direitos humanos e liberdades fundamentais, do Estado de Direito e da separação e independência dos poderes públicos em relação aos seus adversários políticos. Sua política externa o identifica como um governo ditatorial, e suas ações internas apontam para o caminho em direção a um regime socialista do século XXI, ou catrochavismo.
Na democracia, a liberdade reconhece a soberania do povo e os governantes são simples representantes obrigados a “respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais” dos seus eleitores; “governar de acordo com o Estado de direito”; respeitar um “regime plural de partidos e organizações políticas; submeter-se à “separação e independência dos poderes públicos; e com todos esses elementos para "a realização de eleições periódicas, livres e justas, baseadas no sufrágio universal e secreto, como expressão da soberania do povo". Eles são os elementos essenciais da democracia.
A destruição da democracia por dentro é descrita no livro Ditaduras do Século XXI do presidente Osvaldo Hurtado: "O modelo pelo qual, sob a liderança de um líder civil eleito pelo povo, as democracias foram transformadas em ditaduras plebiscitárias por meio do uso malicioso de instituições, não foi uma invenção de Hugo Chávez. Ele havia sido concebido e instituído décadas antes pelos autocratas que governaram a Itália e a Alemanha no início do século XX. Ao modelo fascista europeu, seus equivalentes latino-americanos simplesmente adicionaram certos elementos vernáculos, como o caudilhismo tradicional, o paternalismo atávico, o clientelismo utilitário, o populismo lucrativo e o anti-imperialismo à moda antiga."
Foi com esse mecanismo fascista, apresentado como revolucionário, que as democracias da Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador foram destruídas, expandindo o modelo da ditadura cubana. Eles substituíram o "estado de direito" por violações institucionalizadas dos direitos humanos, manipulação do judiciário por assassinos de aluguel, prisioneiros políticos e exilados, falsas acusações e sentenças infames, crimes contra a humanidade e impunidade para ditadores e seus associados. Eles instalaram “oponentes funcionais” e eliminaram qualquer possibilidade de participação política descontrolada. Evidências recentes incluem as eleições na Bolívia em 2019 e 2020, na Nicarágua em 2021 e na Venezuela em 2024.
Lula é o único fundador vivo do que hoje é chamado de socialismo do século XXI, que ele organizou com Hugo Chávez e Fidel Castro. Ao assumir seu atual mandato, ele reabriu “relações plenas” com as ditaduras de Cuba, Venezuela e Nicarágua; Em maio de 2023, acolheu o ditador Maduro, tentando reabilitá-lo antes e durante a Cúpula de Presidentes Sul-Americanos; Em julho de 2023, ele promoveu a Cúpula União Europeia-CELAC para ajudar as 4 ditaduras; Em 2024 viajou para a Bolívia apoiando o regime; assumiu seu anti-imperialismo impulsionado por Bricks; desafiou a Cúpula das Américas de 2023; abriu-se para a China e o Irã; Ele visitou a China, atacou a Europa, os EUA e muito mais.
Internamente, há indícios de judicialização da perseguição política. Repetição do modelo cubano de prender inocentes desde sempre e para o protesto do 11-J; na Venezuela para prender centenas de opositores, forçá-los ao exílio com uma diáspora de quase 8 milhões, desqualificar María Corina Machado e então, depois de 28 de junho, implementar o terrorismo de Estado; na Bolívia para acusar falsamente o governo derrubado em 2003, acusá-lo de um golpe de estado inexistente e prender a ex-presidente Añez, o governador Camacho e centenas de pessoas inocentes, com milhares de exilados; na Nicarágua para prender, expatriar e privar da cidadania mais de 200 líderes, candidatos e defensores da democracia, com um exílio de mais de cem mil.
Em 1º de julho de 2023, a imprensa internacional mancheteou "Lula premia advogado que o tirou da prisão com cargo de desembargador no Supremo Tribunal Federal. Cristiano Zanin defendeu presidente brasileiro nos julgamentos da Operação Lava Jato". Em fevereiro de 2024, o Infobae relatou: "O ex-juiz do Supremo Tribunal Federal que anulou as condenações por corrupção de Lula da Silva assumiu o cargo de ministro da Justiça do Brasil. Ricardo Lewandowski é amigo pessoal do presidente e desempenhou um papel importante em tirá-lo da prisão após sua condenação no caso Lava Jato."
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou em 18 de março que está “deixando temporariamente sua cadeira de deputado federal e permanecerá nos Estados Unidos em busca de justiça”, lançando “duras críticas ao juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, instrutor do caso em que Jair Bolsonaro é acusado de dirigir um plano golpista contra o governo de Luis Ignacio Lula da Silva”.
*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia
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