Por: Carlos Sánchez Berzaín - 02/07/2023
O apoio à invasão da Ucrânia pela Rússia, a rendição às operações chinesas em seus territórios e a penetração ativa no Irã mostram que o Brasil e as ditaduras socialistas formadas por Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua estão realizando um processo aberto de subordinação de seus países , governos e política externa às ditaduras da Rússia, China e Irã, com consequências desastrosas para a paz e a segurança das Américas.
A invasão da Ucrânia pela Rússia nos colocou na “primeira guerra global” que é a luta em que ocorrem operações armadas entre dois países em uma frente de batalha específica, mas o confronto é geral e não exclui nenhum país do mundo.
A globalização, que é o "fenômeno baseado no aumento contínuo da interconexão entre os diferentes países do mundo nos campos econômico, político, social e tecnológico", também define a natureza da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia como a primeira guerra global , em que não há neutralidade. O eixo de enfrentamento da primeira guerra global é o das ditaduras contra a democracia, o da concentração do poder em detrimento dos direitos humanos dos povos contra a liberdade.
As ditaduras de Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua apoiam diretamente a invasão da Ucrânia pela Rússia e governos que em países democráticos estão subordinados a ditaduras, os governos paraditatoriais de López Obrador do México, Fernández/Kirchner da Argentina e o de Lula da Silva em Brasil que assumiu ativamente o comando na política internacional do grupo ditatorial latino-americano.
Com uma narrativa antiimperialista, os regimes de Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua se tornaram plataformas territoriais, políticas e militares para as operações da China, Rússia e Irã nas Américas. Todos esses países se equiparam com armamento russo, com conselheiros militares, com equipamentos e armas chinesas e com presença iraniana.
Enquanto o mundo democrático isola e sanciona a Rússia, as ditaduras de Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua expandem seus mecanismos e operações sob o pretexto de "cooperação", mas ao mesmo tempo recebem ajuda e apoio de países democráticos como os da União. União contra aqueles que estão atacando a Rússia com seu apoio. A Europa está cooperando com seus inimigos.
A informação pública demonstra a estreita relação militar entre Cuba e a Rússia, o encontro de seus ditadores e comandantes militares, e denuncia a possível participação de "voluntários" cubanos na guerra. A existência de uma instalação chinesa em Cuba foi mostrada para espionar os Estados Unidos. Cuba abriu sua legislação para investimentos russos modificando seu sistema. A participação da ditadura cubana e seus satélites na invasão da Ucrânia pela Rússia e na agressão às democracias não é segredo.
Em abril deste ano, o chanceler russo visitou Brasil, Venezuela, Nicarágua e Cuba, no âmbito da guerra, e em junho o presidente iraniano visitou Venezuela, Nicarágua e Cuba para “ampliar a cooperação”. Sem necessidade de visita, a ditadura boliviana “cede o controle do lítio boliviano à China e à Rússia”, ao mesmo tempo em que amplia a penetração iraniana no país onde operam a exploração de minerais estratégicos e a conquista cultural. A presença de Arce e Morales em Cuba e na Venezuela é mais frequente.
Na China, Lula da Silva propôs a aliança de ditaduras de todo o mundo contra a democracia que, seguindo a narrativa, ele chama de imperialismo, depois se recusou a se encontrar com o presidente da Ucrânia na Cúpula do G-7, produziu o fracassado encontro dos sul-americanos presidentes em que tentou reabilitar o ditador na Venezuela, sabotou resoluções contra a Nicarágua e outras ditaduras na 53ª Assembléia Geral da OEA e agora patrocina a reunião do Foro de São Paulo no Brasil.
Como parte da estratégia -até agora sem sucesso- de normalização das ditaduras latino-americanas, Lula da Silva promoveu com o Brasil uma Cúpula da União Européia com a Celac, que é um dos mecanismos criados por Hugo Chávez em 2010 para tentar legitimar a ditaduras. O presidente da Ucrânia denunciou ter sido convidado para aquela cúpula marcada para 17 de julho, na qual é esperado o ditador da Venezuela, mas que "líderes latino-americanos bloquearam esse convite" apontando para Brasil, Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua.
A subordinação do Brasil e das ditaduras de Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua à Rússia, China e Irã é uma realidade objetiva. A do Brasil é inédita, mas ditaduras são regimes em crise terminal que com essa rendição buscam ampliar o terrorismo de Estado com que subjugam o povo.
*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia
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