A paz como subterfúgio para a impunidade dos crimes promovidos por Cuba

Carlos Sánchez Berzaín

Por: Carlos Sánchez Berzaín - 28/11/2022


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A estratégia do socialismo do século 21 ou Castro Chavismo é legalizar seu crime organizado, transformando ditaduras em governos revolucionários, terrorismo de Estado e violações dos direitos humanos em defesa popular, guerrilhas terroristas e narcotraficantes em processos de libertação. Trata-se de transformar crimes graves em atos políticos e dar impunidade aos criminosos. Nessa pauta, Gustavo Petro leva a Colômbia ao diálogo com o Exército de Libertação Nacional (ELN), tendo como anfitrião a ditadura venezuelana, usando a paz como subterfúgio para a impunidade dos crimes promovidos por Cuba.

A ação de Petro, além de abrir o caminho da impunidade para os membros do ELN ao acobertar crimes contra a humanidade, narcotráfico e terrorismo, criou o duplo efeito de buscar reincorporar a ditadura da Venezuela como sujeito de direito internacional, colocando o ditador Nicolás Maduro como chefe de Estado patrocinador da paz acima do status de chefe do "cartel dos sóis" e o mandado de prisão internacional com recompensa de 15 milhões de dólares. A agenda internacional do castrochavismo claramente desenhada por Cuba e convertida em política interna e externa da Colômbia.

O ELN da Colômbia, como todos os guerrilheiros que irromperam nas Américas depois que Castro assumiu o poder em Cuba, são criação da ditadura cubana. Registra-se como sua primeira operação o dia 7 de janeiro de 1965 com a tomada do município de Simacota, departamento de Santander por um grupo guerrilheiro que repete a ideologia da revolução cubana e aplica o foquismo.

Existiu um ELN no Peru em 1962 liderado por Héctor Béjar e foi derrotado militarmente em dezembro de 1965. O ELN foi organizado na Bolívia e operou na guerrilha Ñancahuzú 1966-67 que terminou com a morte de Che Guevara. No Brasil, organizaram o Comando de Libertação Nacional liderado por Murilo Pezzuti, que funcionou de 1967 a 1969. Na Argentina, entre outros, a Frente de Libertação Argentina ou Forças Libertadoras Argentinas, que funcionou de 1967 a 1973. No Uruguai, o Movimento de Libertação Nacional - Tupamarus desde 1966. Na Venezuela, as Forças Armadas de Libertação Nacional, criadas em 1962 como o braço armado da Frente de Libertação Nacional.

A guerrilha nas Américas foi a expansão da ditadura cubana, organizada e sustentada no quadro da guerra fria, de inspiração foquista, antiimperialista, que ensanguentava a região. Existem mais de 50 organizações guerrilheiras deste tipo que foram desativadas como o Exército Zapatista de Libertação Nacional do México, foram derrotadas militarmente como o ELN na Bolívia e o Sendero Luminoso ou o MRTA do Peru, chegaram a acordos de paz como as FARC de Colômbia, ou assumiram o poder como Frente Sandinista de Libertação Nacional na Nicarágua.

A questão dos guerrilheiros são suas ações criminosas com crimes que vão desde sequestros, assassinatos, terrorismo, tomada e exploração de reféns, submissão à escravidão, tráfico de drogas e muito mais. Chega-se a um ponto em que as proclamações de libertação são álibis para os crimes atrozes cometidos contra os próprios povos e populações que dizem defender e pelos quais proclamam a sua luta armada.

A autoproclamada legitimidade revolucionária termina definitivamente com a democratização de praticamente toda a América Latina, efetivada desde os anos oitenta do século passado, com exceção da ditadura cubana que mantém apoio aos grupos guerrilheiros operacionais.

A retomada da ditadura de Cuba a partir de 1999 com o apoio de Hugo Chávez e a tomada de recursos econômicos extraordinários com a submissão da Venezuela, a corrupção com recursos federais do Brasil e a instauração de narco-estados, transforma o castrismo do século XX no castrochavismo do século XXI e permite a proteção aberta do chefe da ditadura aos seus movimentos criminosos, no campo do narcotráfico e da criminalidade baseada na violência e atentados contra a democracia.

As negociações de paz da Colômbia com as FARC, tendo como mediador Cuba, patrocinadora e protetora da guerrilha, e o resultado das mesmas, ignorando o Plebiscito sobre os Acordos de Paz de 2 de outubro de 2016, que rejeitou os acordos, são muito importantes. As FARC continuam a operar guerrilhas e o crime organizado com as chamadas FARC-EP ou dissidentes, enquanto sequestradores, narcotraficantes, estupradores e criminosos impunemente são membros do Parlamento e da política colombiana. Não há paz na Colômbia, mas há impunidade.

*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia

Publicado em Infobae.com Segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Publicado em Infobae.com



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