A legítima Suprema Corte de Justiça da Venezuela

José Rangel Barón

Por: José Rangel Barón - 20/01/2025

Colunista convidado.
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Legitimidade de Origem como Garantia de Justiça

O Estatuto da Transição para a Democracia na Venezuela, aprovado pela Assembleia Nacional em 2019, não tem competência legal ou constitucional para eliminar o Supremo Tribunal de Justiça no exílio (TSJ). Este tribunal, legitimamente nomeado pela Assembleia Nacional em 2015, representa uma instituição de continuidade do Estado venezuelano face a um sistema judicial cooptado por um regime de facto.

Legitimidade de Origem: Um Princípio Fundamental

O TSJ no exílio tem legitimidade de origem, baseada na sua designação por um poder legislativo democrático e no seu reconhecimento internacional por mais de 65 países e organizações como a OEA, as Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional. Este reconhecimento baseia-se nos princípios da soberania popular e da continuidade institucional, essenciais para restabelecer o Estado de direito na Venezuela.

Jean-Jacques Rousseau, em O Contrato Social, afirma que “a soberania não pode ser representada, porque reside na vontade geral”. Neste contexto, o TSJ no exílio atua como garante desta vontade geral, representando os direitos e aspirações democráticas do povo venezuelano.

Autonomia Judicial: Um Pilar da Democracia

O TSJ no exílio é um órgão autónomo e independente, que desempenha as suas funções sem se submeter a interferências do poder político. Montesquieu, em O Espírito das Leis, sustentou que “a liberdade política só se encontra em governos moderados e consiste em não abusar do poder”. O TSJ no exílio encarna este princípio, agindo como contrapeso ao autoritarismo.

Fundações Constitucionais e Universais

Qualquer tentativa de ignorar ou eliminar o TSJ no exílio violaria princípios fundamentais incluídos nos instrumentos internacionais e na Constituição venezuelana. O artigo 333 da Constituição da Venezuela estabelece o dever de todos os cidadãos e órgãos do Estado de colaborar na restauração da sua plena validade quando for violada.

Além disso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece no seu artigo 21.º que “a vontade do povo é a base da autoridade do poder público”.

O direito de resistência contra a opressão

Em circunstâncias de opressão, o direito à resistência é legítimo. Segundo John Locke, no seu Segundo Tratado sobre o Governo Civil, os cidadãos têm o direito de resistir e de se organizar contra governos que violem os direitos fundamentais.

O TSJ no exílio é uma expressão deste direito, denunciando violações dos direitos humanos e agindo como instância de justiça contra um regime autoritário.

Um apelo à defesa da democracia

O TSJ no exílio não só assegura a continuidade institucional do Estado venezuelano, mas também constitui um bastião da luta democrática e constitucional. Ignorar a sua legitimidade seria trair os princípios democráticos e enfraquecer os esforços para restaurar o Estado de direito.

Rousseau afirmou: 'A liberdade não consiste em fazer o que se quer, mas em poder fazer o que se deve.' É dever da nação venezuelana e da comunidade internacional apoiar o TSJ no exílio como

ferramenta para proteger os direitos fundamentais e a soberania popular.

Conclusão: Justiça e Democracia para a Venezuela

O Supremo Tribunal de Justiça no exílio é uma instituição legítima e necessária para enfrentar o autoritarismo que usurpou as instituições do Estado venezuelano. O seu trabalho tem sido crucial na denúncia de crimes contra a humanidade e na salvaguarda da ordem constitucional no meio de uma grave crise política e social.

Como disse Montesquieu: 'Uma injustiça feita a um é uma ameaça dirigida a todos.' Portanto, apoiar o TSJ no exílio é apoiar a justiça, a democracia e o futuro da Venezuela como nação livre e soberana.

Nosso reconhecimento e gratidão ao TSJ no exílio.

Publicado em elvenezolanocolombia.com sábado janeiro 18, 2025



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