A Galáxia Rosa e o Socialismo do Século XXI

Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 23/06/2024

Colunista convidado.
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Se você tivesse a possibilidade de sobrevoar o mundo perceberia muitos males que nos ameaçam. Na América Latina estamos presos em redes de crime e tráfico de drogas. Os europeus estão a perder os seus países aos trancos e barrancos, principalmente para os muçulmanos. Os Estados Unidos, potência hegemónica do Ocidente, sofrem a invasão, especialmente ao longo da sua fronteira com o México, de todos os tipos de membros de gangues, assassinos de aluguel, traficantes de drogas e terroristas.

Por seu lado, as universidades, especificamente as licenciadas em Ciências Sociais, sob a égide dos Direitos Humanos, da democracia e da tolerância, justificam tudo o que foi dito acima. Milhares de dólares são atribuídos como prémios ou bolsas de estudo aos estudantes que escrevem e publicam "investigações" sobre as contribuições do Islão para o Ocidente, o "milagre" económico da Bolívia ou os "avanços" da Cuba de Castro.

Em suma, coloca-se uma questão: porque é que a academia, a cultura, a imprensa e a política parecem estar ligadas, de forma intransigente, à esquerda em qualquer dos seus aspectos?

Sebastián Grundberger, Diretor do Programa Regional Partidos Políticos e Democracia na América Latina, explica que toda a rede de apoio e financiamento que recebem grupos populistas e autoritários na América Latina, Europa e Estados Unidos vem de uma estrutura conhecida como A Galáxia Rosa.

O CLACSO é um dos centros "acadêmicos" mais atuantes da referida estrutura, pois desde o seu início a organização procurou mostrar a ditadura cubana como grande produtora de conhecimento, arte, cultura e ciência. É isso mesmo, as narrativas em torno da saúde e da educação cubanas foram fabricadas por “intelectuais” designados para a instituição.

Os últimos quatro diretores executivos da CLACSO – Atilio Borón (Argentina, 1997-2006), Emir Sader (Brasil, 2006-2012), Pablo Gentili (Argentina, 2012-2018) e, desde 2018, Karina Batthyány (Uruguai) – compartilham cargos linhas ideológicas alinhadas com os populismos autoritários da região. Na verdade, Borón continua a ser um dos mais notórios defensores da ditadura cubana no campo académico. Por sua vez, Gentili, que hoje ocupa cargo de gestão na CAF, trabalhou como assessor de Pablo Iglesias, além disso, de forma bastante solta, descreveu Evo Morales, Lula Da Silva, Hugo Chávez e outros membros do São Paulo Fórum como gigantes que iluminam o futuro dos seus países.

Porém, o que é realmente preocupante é o nível de influência que CLACSO tem em praticamente todo o sistema educacional formal da região, uma vez que não existe uma única carreira nas Ciências Sociais que não tenha pelo menos um professor formado em uma delas. seus programas. Também não há lugar onde alguns dos seus temas não sejam estudados, por exemplo, o indigenismo, o feminismo e, o sempre presente, o anticapitalismo.

Segundo informações próprias, o CLACSO reúne mais de 883 centros de investigação na área das Ciências Sociais e está presente em 56 países (América, Europa e África). Particularmente digno de nota é o facto de que todas as instituições afiliadas à CLACSO devem pagar as suas dívidas, com excepção de Cuba, no entanto, a ditadura caribenha pode tomar decisões sobre posições-chave no conselho. A este respeito, Sebastián Grundberger, em seu livro: Galaxia Rosa, afirma:

Na sua forma actual, a CLACSO é um actor político, pelo menos a nível de liderança, e serve de refúgio para pensadores e políticos autoritários de esquerda que querem dar um toque académico às suas posições. Dada a constante e óbvia legitimação de regimes autoritários por parte da CLACSO, é surpreendente quanto apoio financeiro é capaz de obter das democracias europeias em particular e quantos grupos de reflexão sérios mantêm a sua adesão à organização.

Em particular, ao contrário do que afirmou Grundberger, não me surpreende o apoio de professores e intelectuais ao regime de Castro, pois é algo que notei durante os meus anos de universidade, precisamente, recebendo aulas de vários professores dos programas CLACSO. Seus documentos, embora apresentados como propostas progressistas, eram apologias ao roubo e ao terrorismo, justificando inclusive o vandalismo de Felipe Quispe e Evo Morales.

Concluindo, CLACSO é responsável por ter mentido sobre a natureza criminosa dos personagens do Foro de São Paulo, entre eles, Evo Morales e Hugo Chávez. Contudo, a sua pior acção foi sujar a cabeça de milhões de jovens com ideias contrárias à liberdade, ao empreendedorismo, à propriedade privada e à civilização. Até quando vamos tolerar seus erros?


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