A ditadura subserviente a Cuba entrega a Bolívia à Rússia, China e Irã

Carlos Sánchez Berzaín

Por: Carlos Sánchez Berzaín - 30/07/2023


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Com mais de 280 presos políticos, milhares de exilados, perseguições judicializadas, terrorismo de Estado e violando todos os elementos essenciais da democracia, a Bolívia é a ditadura não reconhecida do socialismo do século XXI sob o comando de Cuba. Esta ditadura na qual Luis Arce é o chefe de governo e Evo Morales o ditador-em-chefe, opera com uma máscara de democracia e é um satélite de Cuba, sob cujas ordens acaba de entregar o lítio da Bolívia à Rússia e à China e a segurança nacional para o Irã.

Ditadura é "o regime político que, pela força ou violência, concentra todo o poder em uma pessoa ou em um grupo ou organização e reprime os direitos humanos e as liberdades individuais". Hoje na Bolívia não existe nenhum dos elementos essenciais da democracia e se aplica a mesma metodologia que o castrochavismo usa em Cuba, Venezuela e Nicarágua, que é o terrorismo de estado, com o qual "utilizam métodos ilegítimos por parte do governo, orientados a produzir medo ou terror na população para alcançar seus objetivos ou encorajar comportamentos que não ocorreriam por conta própria”.

Se o regime de Arce/Morales defende a legitimidade democrática de origem para as eleições de 2020 (cuja fraude eleitoral foi até agora endossada pela oposição), foi extinto porque não existe nem exerce legitimidade democrática, pois todos os elementos essenciais são inexistentes da democracia.

Não é uma ditadura nacional, é uma ditadura satélite resultante da expansão da ditadura cubana com o aporte da riqueza da Venezuela por Hugo Chávez, que articulou o socialismo do século XXI ou o castrochavismo. O controle total do poder na Bolívia foi alcançado com golpes, massacres sangrentos, perseguições judiciais, falsificações, imposição violenta do estado plurinacional que suplantou a República da Bolívia e o estabelecimento do narcoestado. Uma longa cadeia de crimes permanece impune -com a narrativa cubana de uma falsa revolução- só porque os responsáveis ​​mantêm o poder de forma violenta e indefinida.

A Bolívia perdeu autodeterminação e soberania desde que Evo Morales assumiu o poder, como evidenciado pela situação interna de aberta intervenção cubano-venezuelana. No cenário internacional, tornou-se um elemento de acompanhamento das imposturas ditatoriais, como demonstram os votos e posições em organizações e eventos internacionais, a subordinação ao regime cubano e seus ditames com sua principal plataforma, a Venezuela.

Nesse contexto, os detentores do poder na Bolívia: assinaram um acordo sobre lítio em 5 de julho com o estado russo Rosatom e o chinês Citic Guon Group com promessa de investimento de 1.400 milhões de dólares que se somam a um valor similar oferecido pelo produtora da chinesa CATL Batteries com a qual assinou em janeiro deste ano; e em 20 de julho no Irã assinaram um "memorando de entendimento para expandir a cooperação bilateral na área de segurança e defesa".

Se a Bolívia fosse uma democracia, nenhum desses eventos, nem o acordo de lítio com a Rússia e a China, nem o acordo militar com o Irã teriam acontecido. Não têm legalidade, não há legitimidade, não há transparência, são atos de corrupção, não se respeita o interesse e a soberania nacional. É traição à Pátria e rendição que corresponde à seguinte cronologia: 1.- a visita do chanceler russo de 17 a 21 de abril deste ano ao Brasil, Venezuela, Nicarágua e Cuba de Lula; 2.- a visita do Presidente do Irã de 11 a 14 de junho à Venezuela, Nicarágua e Cuba; 3.- a viagem conjunta de Evo Morales e Luis Arce a Cuba de 1 a 3 de julho; 4.- Os contratos de lítio em 5 de julho e o acordo militar em 20 de julho.

A dependência do regime boliviano do de Cuba é tão evidente que russos e iranianos não precisam lidar com a ditadura boliviana e o fazem pública e notoriamente com o poder central em Havana. O contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia mostra que o regime boliviano é um apêndice das decisões tomadas por sua liderança cubana. Se somarmos a estreita relação entre a Rússia e o Irã, a ditadura boliviana entregou recursos estratégicos ao consórcio de ditaduras do mundo que ameaçam a paz e a segurança internacionais.

O assunto é gravíssimo porque, aproveitando-se da inexistência do Estado de Direito, da ausência de separação e independência dos poderes públicos, da violação institucionalizada dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e da oposição funcional que faz parte deste tipo da ditadura, que padece o povo boliviano, falsificam-se as decisões e suplanta-se a vontade soberana, potencializando as capacidades de agressão das ditaduras da Rússia, China e Irã através de Cuba, transformando o território da Bolívia em plataforma de agressão.

Publicado em infobae.com domingo julho 30, 2023



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