Por: Carlos Sánchez Berzaín - 25/06/2023
A 53ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) realizada em Washington DC tem sido o epicentro da conspiração das ditaduras socialistas do século XXI para imobilizar a organização e assim normalizar o crime organizado como detentor do poder em Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua. Apesar da ação aberta dos governos paraditatórios do México, Brasil, Argentina e Colômbia, a democracia tem reafirmado seus princípios e a OEA sua validade e importância.
De acordo com sua Carta Constitutiva, os propósitos essenciais da OEA são “fortalecer a paz e a segurança no continente, promover e consolidar a democracia representativa...”. A Carta Democrática Interamericana estabelece em seu artigo 1º que “Os povos das Américas têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la. A democracia é essencial para o desenvolvimento social, político e econômico dos povos das Américas”; e no Artigo 2 que "O exercício efetivo da democracia representativa é a base do estado de direito...."
Com esses objetivos e com o mandato da democracia como direito do povo, a OEA é o maior inimigo natural das ditaduras, do crime organizado e do terrorismo. Uma organização internacional como a OEA é um sujeito de direito criado pela vontade dos Estados que cedem poderes soberanos que dão origem à entidade, que opera por meio da representação desses Estados credenciados por seus governos. Quando muda a orientação política de um governo, muda também sua política externa, e os efeitos sobre organizações como a OEA são notórios.
O século XXI nas Américas é marcado pela expansão da ditadura cubana após o resgate que Hugo Chávez deu à então única ditadura da região a partir de 1999. A aliança entre Hugo Chávez, Fidel Castro e Lula da Silva começou neste século com O populismo bolivariano que mais tarde se tornou socialismo do século XXI ou castrochavismo e que tem o Foro de São Paulo como instrumento operacional produz e acompanha o estabelecimento ditatorial na Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. O sistema ditatorial ampliado intervém e atua nas eleições democráticas dos países da região e produz governos subalternos que colocam a seu serviço seus países e suas políticas externas, são os governos paraditatórios.
A OEA não ficou livre da influência e intervenção das ditaduras socialistas do século XXI. O controle e a manipulação da organização sempre foi um objetivo e para isso derrubaram o secretário-geral Miguel Ángel Rodríguez, ex-presidente da Costa Rica, que poucos meses depois de eleito foi alvo de uma denúncia em seu país - do que ele era inocente - mas isso serviu para fazê-lo deixar o cargo. Com o espaço aberto e com o controle dos votos dos países caribenhos incentivados pelo petróleo da Venezuela, conseguiram impor o secretário Insulza.
O governo Insulza de dez anos foi a época da ocupação da OEA pelo socialismo do século XXI. Os objetivos, princípios e mandatos da OEA foram completamente ignorados, seus órgãos foram preenchidos por operadores do castrochavismo como o caso da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a fraude, a manipulação eleitoral e a impunidade foram garantidas, presos políticos e exilados foram ignorados, violações das normas da Carta Democrática Interamericana e avançou-se na normalização das ditaduras.
O controle do socialismo do século XXI com maioria de votos na OEA, elegeu um de seus, o ex-chanceler uruguaio Luis Almagro, como secretário-geral, mas as surpresas começaram quando Almagro decidiu cumprir os mandatos da organização e com o Carta Democrática Interamericana, começando com um relatório de juristas independentes sobre a situação na Venezuela, que acabou qualificando como uma ditadura, e depois descreveu pessoalmente Cuba como "uma ditadura jinetero". Os outros fizeram as fraudes e crimes das ditaduras que a OEA apontou, como a fraude eleitoral de Evo Morales na Bolívia em 2019.
O recente relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos -embora tenha demorado 10 anos- que aponta a ditadura cubana como responsável pelo assassinato de Oswaldo Payá e Harol Cepero é um acerto do sistema interamericano contra a impunidade dos ditadura, o chefe do crime organizado transnacional.
Por isso e muito mais, além de várias tentativas fracassadas de criar organizações paralelas ou substitutas para a OEA, com López Obrador do México e Lula da Silva do Brasil, a conspiração contra a OEA ganhou mais força buscando sabotar a 53ª Assembleia Geral e fracassou devido à ação da maioria dos governos democráticos.
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